Últimos 20 reféns israelenses são libertados na Gaza: relatos de tortura e fome

Quando Avinatan Or cruzou a linha de fim de cativeiro, ficou claro que a "libertação" carregava o peso de dois anos de sofrimento. O refém israelense, mantido isolado por 738 dias, chegou à Cruz Vermelha ainda enfraquecido, com perda de 30% a 40% do peso corporal. O ambiente de detenção, descrito pelos vinte sobreviventes, é um retrato brutal de tortura física, fome extrema e isolamento psicológico.
O que aconteceu na segunda‑feira, 13 de outubro de 2025?
Na manhã de Libertação dos últimos 20 reféns israelensesFaixa de Gaza, o Hamas entregou os cativos à Cruz Vermelha em duas ondas: primeiro, um comboio de sete pessoas por volta das 10h; depois, mais treze por volta do meio‑dia. A operação foi acompanhada por equipes médicas israelenses que, ao receber os sobreviventes, iniciaram avaliações imediatas.
Depoimentos que revelam o horror
Os relatos, coletados pela equipe da CNN Brasil, apontam para práticas de encadeamento que limitavam qualquer movimentação, longos períodos sem comida – alguns descrevem até duas semanas sem alimentação adequada – e condições sanitárias deploráveis, com pouca ventilação e iluminação. Dois irmãos foram mantidos a poucos metros um do outro, sem saber da presença do familiar, num experimento psicológico que deixou marcas profundas.
Avinatan Or afirmou que, durante todo o período, esteve em um porão úmido, sem contato humano além dos guardas do Hamas. "Eu não sabia se o sol ainda existia lá fora", contou, com a voz ainda trêmula. Outro refém, David Levi, descreveu às autoridades que "as correntes eram apertadas ao ponto de cortar a circulação".

O contexto das negociações
Essa libertação faz parte de um cessar‑fogo negociado que se iniciou em janeiro de 2025, quando Israel concordou em trocar prisioneiros palestinos por oito reféns. Desde então, duas fases menores de trocas ocorreram em 2023 e, finalmente, a grande operação de outubro. Até agora, 146 reféns foram libertados vivos, enquanto 58 corpos foram recuperados, ainda aguardando repatriação formal.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursou no Parlamento de Israel e descreveu o dia 13 de outubro como "o fim de uma era de terror e o início de uma era de fé e esperança".
Repercussão em Israel e no cenário internacional
Nas ruas de Israel, multidões choraram e abraçaram os retornados. O primeiro‑ministro Benjamin Netanyahu enfrentou pressões crescentes: por um lado, familiares exigem a devolução dos restos mortais dos 58 reféns falecidos; por outro, aliados internacionais cobram rapidez nas negociações finais.
Enquanto isso, a liderança palestina, sob crescente pressão da própria população e de países árabes, tenta equilibrar demandas de justiça e estabilidade regional.

Impactos e lições para o futuro
- Mais de dois anos de cativeiro deixaram traumas físicos e psicológicos que demandarão acompanhamento médico prolongado.
- O uso de correntes e restrição de alimentos pode ser considerado crime de guerra, segundo especialistas das Nações Unidas.
- O papel da Cruz Vermelha reafirmou a importância de mediadores neutros em conflitos de alta complexidade.
Os próximos passos incluem a continuação das negociações para a devolução dos corpos, bem como a discussão sobre indenizações e apoio psíquico para as famílias. Analistas de segurança afirmam que, embora o fim dos reféns represente um marco, o risco de novas escaladas permanece enquanto as questões territoriais não forem resolvidas.
Perguntas Frequentes
Como a libertação dos 20 reféns afeta as famílias israelenses?
O retorno dos últimos 20 prisioneiros trouxe alívio imediato, mas a maioria chega com graves problemas de saúde e traumas psicológicos. O governo israelense anunciou um plano de assistência médica e suporte psicológico que deve durar pelo menos dois anos, garantindo acompanhamento especializado para cada sobrevivente.
Quais foram as condições de cativeiro relatadas pelos sobreviventes?
Os depoimentos apontam para confinamento em porões úmidos, uso de correntes, alimentação insuficiente – alguns relataram até duas semanas sem comida – e privação de luz natural. Dois irmãos foram mantidos separados a poucos metros, sem saber da presença do outro, como forma de manipulação psicológica.
Qual o papel da Cruz Vermelha na operação?
A Cruz Vermelha coordenou a entrega dos reféns, forneceu equipes médicas de triagem no ponto de passagem e garantiu que os protocolos humanitários fossem respeitados durante a transferência para território israelense.
O que dizem especialistas sobre possíveis violações de direito internacional?
Organizações de direitos humanos consideram o uso de correntes, a privação deliberada de alimento e a exposição a condições insalubres como possíveis crimes de guerra. A ONU já anunciou uma investigação para avaliar se há responsabilidade criminal para membros do Hamas.
Qual o próximo passo nas negociações entre Israel e o Hamas?
O foco imediato está na devolução dos corpos dos 58 reféns falecidos. Paralelamente, a comunidade internacional pressiona por um acordo de cessar‑fogo duradouro que inclua garantias de segurança para civis em ambos os lados e abertura de corredores humanitários permanentes.
Michele Souza
outubro 14, 2025 AT 23:23Que alívio ver os últimos reféns voltarem pra casa!
Mesmo depois de tanto sofrimento, ainda dá pra acreditar que dias melhores tão chegando.
Os sobreviventes vão precisar de muito apoio, mas a comunidade pode fazer a diferença.
Vamos ficar de olho nas iniciativas de saúde mental que tão surgindo.
Se cada um fizer sua parte, a cicatrização pode ser mais rápida.