Palmeiras veste a causa da saúde mental no confronto contra o Fortaleza

Palmeiras veste a causa da saúde mental no confronto contra o Fortaleza set, 21 2025

Palmeiras transforma o Allianz Parque em cenário de prevenção ao suicídio

Na noite de sábado, às 21h (horário de Brasília), o Allianz Parque será palco não só de mais um duelo da 24ª rodada do Brasileirão, mas também de uma ação que promete ficar na memória dos torcedores. O Palmeiras decidiu apoiar o Setembro Amarelo, campanha nacional de conscientização sobre depressão e suicídio, ao mandar seus atletas ao gramado com um detalhe inusitado: um emblema amarelo nas costas e a camisa número 188, que faz alusão direta ao telefone gratuito do CVV (Centro de Valorização da Vida).

O vice‑presidente de marketing e comunicação do clube, Everaldo Coelho, explicou que a escolha da partida contra o Fortaleza não foi aleatória. "É um jogo de grande apelo regional e com boa audiência nas TVs SporTV e Premiere. Aproveitar esse momento para levar a mensagem de que ninguém está sozinho é responsabilidade que assumimos como instituição que tem voz e alcance", afirmou.

Por que a campanha ganha força agora?

Por que a campanha ganha força agora?

Os números não deixam dúvidas: o Ministério da Saúde, com apoio da Organização Mundial da Saúde, aponta que pelo menos 32 brasileiros tiram a própria vida a cada dia. Em escala global, o intervalo médio entre dois suicídios é de 40 segundos. Essas estatísticas são assustadoras, mas ainda há muito desconhecimento sobre os sinais de alerta e os caminhos de ajuda.

A campanha de Setembro Amarelo, que já tem mais de uma década no país, tem objetivo duplo: desmistificar o preconceito em torno da saúde mental e divulgar instrumentos de apoio, como o CVV, que funciona 24 horas por dia e tem o número 188 como ponto de contato. Ao colocar o número na camisa de um jogador, o Palmeiras transforma um gesto esportivo em um lembrete visual que pode salvar vidas.

Além dos uniformes, o clube está preparando banners, faixas e uma sequência de vídeos curtos que serão exibidos nos telões do estádio antes, durante e após o intervalo. Cada peça traz depoimentos de ex‑jogadores, profissionais de saúde e, principalmente, de pessoas que superaram crises depressivas. O objetivo é mostrar que o sofrimento psicológico não escolhe classe social, idade ou profissão.

Os torcedores, por sua vez, receberam adesivos amarelos nos portões de entrada e foram incentivados a vestir camisetas da campanha. Nas redes sociais oficiais do Palmeiras, a hashtag #SetembroAmareloPalmeiras já acumula milhares de interações, apontando que a iniciativa está gerando engajamento real.

Especialistas em saúde mental elogiam a atitude do clube, ressaltando que a visibilidade que o futebol tem no Brasil pode ser um divisor de águas. "Quando a mensagem vem de um time que tem milhões de fãs, o impacto é muito maior do que uma campanha tradicional de saúde pública. Isso cria um canal de comunicação mais íntimo e menos intimidante", afirmou a psicóloga Carla Mendes, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Vale lembrar que a parceria entre clubes de futebol e causas sociais não é novidade. No entanto, a escolha de usar o número 188 na camisa é inédita no cenário nacional e demonstra um nível de comprometimento que vai além de simples camisetas com selo. Essa estratégia pode inspirar outras equipes a adotarem ações semelhantes nos seus calendários competitivos.

Enquanto os jogadores circulam o campo, as luzes do estádio piscam em amarelo e o público acompanha a partida, a mensagem do CVV se repete nos microfones e nas telas. A esperança é que, ao final do jogo, o número de ligações ao 188 apresente um aumento significativo, indicando que a campanha realmente chegou ao coração das pessoas.

O Palmeiras, ao transformar um momento de entretenimento em uma plataforma de apoio e solidariedade, demonstra que o esporte pode ser agente de mudança social. Resta agora observar os números nos dias que seguem o confronto e acompanhar se essa iniciativa se traduz em mais vidas preservadas.

7 Comentários

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    Anna Costa

    setembro 23, 2025 AT 00:48
    Colocaram o 188 na camisa e agora todo mundo vai ligar? Sério? Isso é mais marketing do que ajuda real...
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    Welington Lima

    setembro 24, 2025 AT 07:35
    A iniciativa do Palmeiras é, sem dúvida, um passo significativo na promoção da saúde mental no Brasil. A utilização de um símbolo tão direto e memorável - o número do CVV - em um contexto de grande visibilidade como o futebol, demonstra uma responsabilidade institucional que vai além do lucro. É essencial que outras entidades sigam esse exemplo, não apenas como gesto simbólico, mas como parte de uma política contínua de apoio.
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    Narriman Mohamed Sati

    setembro 26, 2025 AT 06:21
    Isso aqui é... realmente... lindo?... Eu chorei quando vi o vídeo do jogador tocando no emblema... E o povo entrando com camiseta amarela... e os adesivos... e os telões... e os depoimentos... e o CVV... e o silêncio no estádio quando o número apareceu... isso... isso tá me tocando... sério...
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    Isabelle Nascimento

    setembro 26, 2025 AT 23:40
    Ah, claro. Mais um clube usando depressão pra vender ingresso. Que original. O CVV tá na camisa, mas o psicólogo tá no bolso do diretor.
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    Mateus Santiago

    setembro 27, 2025 AT 08:05
    Será que o número 188 tá mesmo visível? Tipo, de longe, no estádio cheio, alguém consegue ler? E se o cara ta com óculos escuro? E se o jogo tá no escuro? E se o cara ta bêbado? E se o cara ta só querendo ver o gol? Aí ele liga pro 188 e fala: "E aí, mano, o Palmeiras perdeu de novo?"... Tá tudo errado...
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    Renata Codato

    setembro 27, 2025 AT 18:59
    A superficialidade dessa campanha é, paradoxalmente, a sua maior força. O futebol, como fenômeno de massa, opera em uma lógica de símbolos, não de discursos. A camisa com o número 188 não educa - ela incide. Ela insere o CVV no inconsciente coletivo como um mantra visual. Não é terapia, é ritual. E talvez, nesse país onde o sofrimento é silenciado por vergonha, o ritual seja o único caminho possível para a emergência da voz. O Palmeiras não salvou vidas. Ele fez com que vidas pudessem, enfim, tentar se salvar.
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    Renata Morgado

    setembro 29, 2025 AT 17:28
    Isso aqui é um exemplo de como o esporte pode ser um espaço de cura. Não é só sobre o jogo, é sobre o que a gente carrega dentro. Eu tive um primo que se foi por causa da depressão, e ninguém sabia o que fazer. Se tivesse tido um momento como esse quando ele estava vivo... talvez ele tivesse ligado. Não é só o número na camisa, é o fato de que o país inteiro vai ver e pensar: "Ah, isso pode ser comigo também." E isso muda tudo.

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