O Impacto do Haka Maori no Parlamento da Nova Zelândia em Protesto Contra Mudança do Tratado de Waitangi

O Impacto do Haka Maori no Parlamento da Nova Zelândia em Protesto Contra Mudança do Tratado de Waitangi nov, 16 2024

O Significado do Tratado de Waitangi

O Tratado de Waitangi, assinado em 1840, é um dos documentos fundadores mais importantes da Nova Zelândia. Ele estabeleceu um acordo entre a Coroa Britânica e cerca de 500 chefes maoris representando as tribos indígenas do país. Este tratado é frequentemente citado como a pedra angular das relações entre os povos indígenas da Nova Zelândia, os Maori, e o governo. No entanto, sua interpretação tem sido um ponto de discórdia ao longo dos anos. A proposta atual de emenda, apresentada pelo partido ACT New Zealand, busca codificar uma interpretação mais restritiva, o que, argumentam os críticos, enfraqueceria os direitos dos Maori, ameaçando a essência do que o tratado representa.

Protesto Com a Performance do Haka

Diante deste cenário, a reação dos MPs maoris no Parlamento foi imediata e enérgica. Durante uma sessão parlamentar, os representantes do partido Te Pāti Māori interromperam o processo de votação com a execução de um haka, uma dança tradicional comumente associada a rituais de guerra e celebrações culturais dos Maori. A execução do haka não foi uma mera performance; simbolizava uma declaração de resistência e um lembrete dos valores culturais que o Tratado de Waitangi deveria proteger. Conforme os MPs executavam a dança, a sessão teve que ser temporariamente suspensa à medida que apoiadores na galeria se juntavam ao ato, demonstrando a amplitude do apoio à causa.

A Divisão Política

O projeto de lei, apesar de ter passado por sua primeira leitura, enfrenta grande resistência dentro da coalizão governante da Nova Zelândia. Tanto o Partido Nacional quanto o New Zealand First, duas importantes forças políticas do governo, declararam não apoiar a continuidade do projeto. Essas declarações ressaltam o compromisso de partes significativas do governo de proteger os direitos dos Maori e evitar mudanças que possam comprometer o delicado equilíbrio de poder e direitos garantido pelo Tratado de Waitangi.

A Voz dos Jovens Parlamentares

Hana-Rawhiti Maipi-Clarke, uma jovem representante de apenas 22 anos do Te Pāti Māori, assumiu um papel central no protesto. Ao despedaçar fisicamente uma cópia do projeto de lei, ela fez uma poderosa declaração visual e está se consolidando como uma defensora destacada dos direitos Maori. Maipi-Clarke exemplifica a nova geração de lideranças indigenas que estão dispostas a lutar fervorosamente pelo reconhecimento e preservação de seus direitos e tradições.

Reações e Controvérsias

A reação ao protesto foi mista. David Seymour, líder do ACT New Zealand, criticou os MPs maoris, acusando-os de promover medo e divisão para minar seu projeto de lei, que segundo ele, busca fortalecer a sociedade como um todo. Em contraste, Willie Jackson, do Partido Trabalhista, descreveu a proposta como 'repugnante', argumentando que ela poderia reverter décadas de progresso nos direitos indígenas. Tais polarizações indicam a complexidade e a importância do debate em torno do Tratado de Waitangi, além de mostrar como a política neozelandesa muitas vezes deve navegar por questões profundamente enraizadas na história e identidade cultural do país.

Movimento de Protesto Amplo

O hakas realizado no Parlamento faz parte de um movimento mais amplo contra o projeto de lei. Nos últimos dias, centenas de pessoas marcharam do norte da Nova Zelândia rumo à capital, Wellington, como demonstração de solidariedade e resistência. Com uma grande manifestação planejada para terça-feira, milhares estão sendo esperados para se reunirem e demonstrarem apoio à causa. Este tipo de mobilização cidadã enfatiza a profundidade do sentimento que os neozelandeses, indígenas ou não, nutrem pelo Tratado de Waitangi e pelos princípios de igualdade e respeito mútuo que ele simboliza.

A Importância de Lutar por Direitos

A Importância de Lutar por Direitos

A situação em torno do Projeto de Lei do Tratado de Waitangi na Nova Zelândia destaca a importância de entender e respeitar os acordos culturais e históricos que constituem a base de uma sociedade diversa e multicultural. Os protestos dos MPs maoris são um lembrete de que, para muitos, a luta pelos direitos indígenas continua viva e necessária, exigindo vigilância constante e comprometimento. Enquanto o futuro do projeto de lei está em jogo, o que é claro é que a questão do respeito e da preservação dos direitos dos povos indígenas continuará a ser um tema influente na vida política e social da Nova Zelândia.

10 Comentários

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    Ana Luzia Alquires Cirilo

    novembro 17, 2024 AT 08:31

    Isso aqui é um lembrete de que direitos indígenas não são privilégio, são reconhecimento histórico. O haka não foi um ato de violência, foi uma oração em movimento. Se o governo quer unir a nação, talvez em vez de reescrever tratados, deveria aprender a ouvir.

    Sei que parece dramático pra quem não cresceu com essa história, mas pra quem viveu o apagamento cultural, isso é sobrevivência.

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    Gerson Bello

    novembro 17, 2024 AT 10:41

    Isso tudo é uma farsa. O que eles querem é separar o país. Toda essa história de Waitangi é invenção de esquerdista pra dividir a Nova Zelândia. O haka? Tá na cara que é terrorismo cultural. Eles vão querer terras, depois impostos, depois independência. Aí vem a guerra civil. Tudo isso é plano da ONU.

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    Nannie Nannie

    novembro 19, 2024 AT 01:00

    EU NÃO APOIO ISSO. ISSO É UM TEATRO POLÍTICO. VOCÊS NÃO SÃO VÍTIMAS, SÃO ATORES. O HAKA É PRA GUERRA, NÃO PRA PARLAMENTO. SE QUEREM DIREITOS, VÃO ESTUDAR, NÃO QUEBRAR PAPEL. #BANHAKA

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    Eduardo Melo

    novembro 20, 2024 AT 23:47

    Tem gente que acha que protestar com dança é exagero, mas se você pensar no contexto histórico, é exatamente o oposto. O tratado foi assinado com promessas que nunca foram cumpridas por mais de 180 anos. O haka é uma forma de falar sem palavras, e quando você tem uma língua que foi proibida, uma dança se torna a única coisa que não pode ser censurada.

    É como se um povo inteiro, depois de séculos de silêncio forçado, finalmente gritasse em coreografia. E isso assusta quem nunca teve que lutar pra ser ouvido. Não é agressão, é alívio.

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    Raquel Ferreira

    novembro 22, 2024 AT 20:07

    Claro, porque nada diz ‘respeito à cultura’ como destruir um documento que ninguém leu. Bravo, Hana. Acho que agora o projeto de lei tá em pedaços... e o racismo também.

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    Ayrtonny Pereira dos Santos

    novembro 23, 2024 AT 00:07

    Esses caras são uns fascistas disfarçados de cultura. O haka é uma arma, e eles estão usando contra a democracia. Quem apoia isso é inimigo da nação. Vão se fuder com o seu tradicionalismo retrógrado.

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    Kalil de Lima

    novembro 23, 2024 AT 17:43

    Sei que parece estranho pra quem não cresceu com isso, mas o haka não é só dança. É memória. É sangue. É avós que não puderam falar sua língua. O que eles fizeram no parlamento? Eles não pediram favores. Eles lembraram. E às vezes, lembrar é o ato mais corajoso que existe.

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    Renato Maguila

    novembro 25, 2024 AT 08:03

    Isso me lembra quando vi um haka pela primeira vez num festival em Auckland. Não foi só movimento, foi emoção pura. Acho que muita gente aqui não entende porque isso importa, mas é como se um povo inteiro estivesse dizendo: ‘nós ainda estamos aqui’. E não é só sobre terra ou lei, é sobre dignidade.

    Se o tratado é tão importante, por que não ensinar ele nas escolas? Talvez aí a gente parasse de ver isso como ‘protesto’ e começasse a ver como história viva.

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    Anderson Mazzuchello

    novembro 26, 2024 AT 21:23

    É imperativo ressaltar que o Tratado de Waitangi, enquanto instrumento jurídico-histórico, não possui equivalência formal em termos de supremacia constitucional na legislação neozelandesa contemporânea. Contudo, sua relevância simbólica e jurisprudencial, reconhecida pela Corte Suprema da Nova Zelândia em múltiplos precedentes, configura um paradigma ético de reparação histórica. A performance do haka, embora não constituindo ato legislativo, opera como um ato performativo de memória coletiva, cuja eficácia comunicativa transcende os limites do discurso institucional. A reação do partido ACT, por sua vez, revela uma falácia retórica de ‘neutralidade legal’, ignorando a natureza assimétrica das relações coloniais e a necessidade de corretivos hermenêuticos.

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    Ana Luzia Alquires Cirilo

    novembro 27, 2024 AT 09:13

    Eu não sabia que alguém ainda acreditava que o governo era neutro nisso tudo. O haka não é um ataque, é um espelho. E se o espelho te assusta, talvez seja porque você nunca quis olhar pra dentro.

    Se o tratado é tão ruim, por que não o revoga de vez? Mas não vão fazer isso, porque sabem que é o único freio que ainda impede o apagamento total. Eles só querem que a gente esqueça. Mas nós não esquecemos.

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