Messi volta de lesão e decide: gol da vitória recoloca Inter Miami nos trilhos contra o LA Galaxy

Messi muda o jogo em 45 minutos
Bastaram 45 minutos para Lionel Messi virar uma noite tensa em festa em Fort Lauderdale. Depois de duas semanas parado por um problema muscular sofrido no dia 2 de agosto, contra o Necaxa, o argentino saiu do banco, decidiu o duelo e empurrou o Inter Miami para a vitória por 3 a 1 sobre o LA Galaxy, no Chase Stadium. Além do gol que selou o resultado, ele participou diretamente de outra jogada decisiva com uma assistência.
O roteiro não começou com ele. Javier Mascherano, ciente do risco de acelerar o retorno, segurou o craque no primeiro tempo e só o lançou após o intervalo, no lugar do venezuelano Telasco Segovia. O Inter Miami já vencia por 1 a 0 com um chute preciso de Jordi Alba, em jogada trabalhada pela esquerda. Do outro lado, o Galaxy apostava na velocidade de Joseph Paintsil para atacar as costas da defesa.
Com a entrada de Messi, o Miami passou a prender a bola no último terço e a variar o ritmo do ataque. Mesmo assim, o empate do Galaxy veio antes da hora marcada: Paintsil apareceu bem entre as linhas e igualou a partida perto dos 60 minutos, esfriando o ambiente. A equipe de Mascherano recuou por instantes, reorganizou a pressão e tentou acalmar o jogo para dar a Messi o tempo que ele precisava para encontrar os espaços.
O lance que decidiu tudo nasceu de um detalhe. Faltando seis minutos para o fim, Luis Suárez recuou de primeira para Rodrigo De Paul, que achou Messi livre, a uns 40 metros do gol. O camisa 10 arrancou, quebrou a primeira linha com um toque curto, costurou mais dois marcadores e, já na meia-lua, bateu de canhota, firme, no canto baixo de Novak Micovic. A bola beijou a rede e o estádio explodiu: era o 2 a 1 que a torcida aguardava desde que ele pisou no gramado.
O golpe final viria na sequência, com o Inter Miami aproveitando o abalo do Galaxy. Messi participou da construção do terceiro gol com um passe de ruptura que desmontou a marcação e abriu a jogada do 3 a 1. Foi o tipo de contribuição que não aparece só na planilha: quando ele acelera o pensamento, o time inteiro ganha um segundo a mais para decidir.
A atuação teve outro peso pelo contexto recente. Sem o capitão, o Inter Miami sofreu nos jogos contra Pumas UNAM e Orlando City SC. Faltou clarividência no último passe e frieza para matar os contra-ataques. O triunfo sobre o Galaxy, com o argentino em campo, reabriu o manual da equipe: Alba voltando a atacar a segunda trave, Suárez fazendo o pivô fora da área, De Paul controlando o ritmo e as trocas curtas que cansam o adversário.
Também contou o fator arquibancada. A cada toque de Messi, o estádio levantava, e o time surfou nessa onda para manter a pressão territorial. O Galaxy respondeu com linhas compactas e transições rápidas, mas perdeu fôlego depois do 2 a 1. A partir daí, o Miami administrou melhor as posses, cortou a linha de passe para Paintsil e impôs o seu jogo até o apito final.

Cautela com a parte física e o que vem pela frente
Nem tudo foi alegria. Ao comemorar o gol, Messi levou a mão à perna direita e fez uma expressão de incômodo. Não chegou a pedir substituição, mas o sinal ficou no ar. Mascherano reconheceu depois do jogo que o camisa 10 não estava 100% confortável e que a ideia era dar a ele uma “carga controlada” de 45 minutos. Funcionou: ele cresceu à medida que o relógio andava e terminou forte, sem novo susto.
Para um atleta de 38 anos, que vem de um problema muscular recente, a palavra de ordem é gestão. O departamento médico costuma trabalhar com limites de minutagem, monitoramento de carga nos treinos e, se necessário, descanso em gramados ou viagens mais pesadas. É provável que o Miami mantenha esse plano nos próximos compromissos, liberando Messi aos poucos, sempre de olho na resposta do músculo no dia seguinte aos jogos.
O resultado tem impacto direto no vestiário. A derrota para o Orlando City havia deixado ruído: desempenho abaixo, decisões apressadas, pouca compactação. A vitória sobre o Galaxy reencaminha o discurso interno de que aquela atuação foi um ponto fora da curva. Com Messi ativo, o time volta a ter uma referência que ordena o ataque e reduz erros simples, como a perda de posse em zonas perigosas.
Taticamente, a diferença é visível. Com ele, o Inter Miami consegue atrair dois ou três marcadores na zona central e liberar os laterais, sobretudo Alba, para atacar os espaços. Suárez, mais por dentro, oferece a parede para as ultrapassagens, enquanto De Paul equilibra a transição defensiva, cobrindo o corredor aberto. Sem essa engrenagem, a equipe vira refém de cruzamentos e chutes de média distância.
Do lado do Galaxy, fica a lição de que a estratégia deu certo até onde a perna aguentou. As linhas curtas e o contra-ataque com Paintsil criaram chances e exigiram boas coberturas do Miami. O problema foi a queda de intensidade depois do 2 a 1 e a dificuldade de bloquear a meia-lua nos minutos finais, zona em que Messi mais gosta de decidir.
Para o torcedor do Inter Miami, a boa notícia está no essencial: o capitão voltou, foi decisivo e mostrou que o faro de gol segue intacto. A má notícia é o alerta físico, que deve pautar as próximas semanas. Com jogos importantes no horizonte, o clube precisa equilibrar ambição e prudência. Dar minutos ao craque sem ultrapassar o limite é a diferença entre tê-lo inteiro na fase quente da temporada ou voltar a sentir sua falta na hora errada.
Por ora, o recado ficou claro no placar e no gramado. Com Messi, o Inter Miami joga outro esporte. Sem ele, precisa redescobrir caminhos. Na volta do 10, o time reencontrou sua melhor versão, e isso muda o humor do vestiário, da arquibancada e do campeonato.