Jornalista mostra calcinha suposta de Cravinhos na prisão para defender série 'Tremembé'

Jornalista mostra calcinha suposta de Cravinhos na prisão para defender série 'Tremembé' nov, 5 2025

Em meio a uma tempestade de críticas e milhões de visualizações, o jornalista Ulisses Campbell publicou, em 5 de novembro de 2025, imagens que dizem comprovar uma das cenas mais polêmicas da série 'Tremembé', exibida pela Prime Video. São fotos de uma calcinha preta e uma carta, supostamente pertencentes a Cristian Cravinhos, preso na Penitenciária de Tremembé — o mesmo local onde, segundo a série, ele teria tido um relacionamento íntimo com outro detento. A postagem veio como resposta direta às acusações de Cravinhos, que chamou a produção de "mentirosa". "No jornalismo, um testemunho gravado não basta para publicar uma história, sobretudo quando ela é controversa. Muitas vezes é necessário apresentar provas materiais", escreveu Campbell, que também é roteirista da série e autor do livro que a inspirou, Tremembé, o presídio dos famosos, lançado em 2024.

Da prisão aos holofotes: o retorno de Cristian Cravinhos

Cristian Cravinhos, cujo nome completo é Cristian Cravinhos, foi condenado em 2006 pelo assassinato triplamente qualificado dos pais de Suzane von Richthofen — um dos crimes mais chocantes da história recente do Brasil. A sentença inicial foi de 38 anos e seis meses em regime fechado. Após cumprir cerca de 15 anos, ele foi liberado para o regime semiaberto em agosto de 2017. Mas a liberdade foi curta. Em abril de 2018, durante uma abordagem em Sorocaba, foi flagrado tentando subornar policiais com R$ 1.000,00 e carregando uma bala de calibre 9 mm — tipo restrito às Forças Armadas. A Justiça o reencaminhou à Penitenciária de Tremembé, onde já havia cumprido parte da pena anterior.

Em outubro de 2018, foi absolvido do porte ilegal de munição, mas condenado por corrupção ativa — tentativa de suborno —, recebendo mais quatro anos e oito meses. Em março de 2025, foi libertado novamente. Hoje, com mais de 34 milhões de visualizações em seu perfil do Instagram após o lançamento da série, Cravinhos virou fenômeno digital — não por méritos, mas por controvérsia.

A cena que dividiu o Brasil

A cena que gerou a explosão de reações mostra o personagem de Cravinhos, interpretado por Kelner Macêdo, usando uma calcinha preta na prisão, em um momento de intimidade com outro detento. A cena, embora breve, foi suficiente para desencadear um furacão nas redes sociais. Muitos viram uma exagero dramático; outros, uma representação realista da vida carcerária. Mas Cravinhos não aceitou. Em vídeos e posts, ele negou veementemente qualquer envolvimento romântico na prisão. "Isso é pura ficção. Não tenho esse tipo de relação. Estão me transformando em piada", disse em uma live em outubro.

Foi aí que Campbell entrou. O jornalista, que passou anos investigando a vida de presos em Tremembé — inclusive entrevistando detentos e guardas —, disse que a calcinha e a carta foram entregues por um ex-presidiário que trabalhou na cozinha da unidade e que tinha acesso direto a Cravinhos. "A carta está datada de 2017, durante o período em que ele estava no semiaberto. A calcinha foi encontrada em um armário que ele usava antes da transferência para o regime fechado, em 2018. Não inventamos nada. Apenas documentamos", afirmou em entrevista ao O Dia.

Quem confirma? Ninguém.

A Penitenciária de Tremembé não divulgou nenhum registro oficial sobre os objetos. A produtora da série, nem sequer respondeu aos pedidos de comentário. A falta de transparência alimenta a desconfiança. Especialistas em direito e ética jornalística apontam um risco grave: quando ficção se mistura com realidade sem confirmação, o público não sabe mais o que é verdade. "Isso não é entretenimento. É manipulação da memória coletiva", diz a professora de comunicação da USP, Dr. Laura Mendes. "A série tem valor artístico, mas quando se baseia em pessoas reais que ainda vivem, a responsabilidade é maior que a liberdade criativa."

Quais são os próximos passos?

Quais são os próximos passos?

Fontes do Correio Braziliense indicam que Cravinhos já consultou advogados para mover ações por danos morais contra Campbell e a produtora da série. O risco? Uma batalha judicial que pode durar anos — e que, ironicamente, pode aumentar ainda mais o alcance da série. Enquanto isso, a calcinha preta continua sendo compartilhada milhares de vezes por dia. Alguns a chamam de prova. Outros, de arte. Mas todos concordam: algo mudou.

Quando o real vira espetáculo

A polêmica não é só sobre Cravinhos. É sobre como a indústria do entretenimento lida com crimes reais. Já vimos isso antes: em O Crime do Padre Amaro, em 13 Reasons Why, em Making a Murderer. Mas nunca antes no Brasil um preso condenado por assassinato se tornou, de repente, um ícone de redes sociais por uma cena de calcinha. O que antes era um caso de justiça virou um produto de streaming. E o público? Está dividido entre o desejo de justiça e o prazer da curiosidade.

Frequently Asked Questions

A calcinha e a carta são realmente de Cristian Cravinhos?

Não há confirmação oficial. O jornalista Ulisses Campbell afirma que os objetos foram fornecidos por um ex-presidiário que teve acesso a Cravinhos, mas a Penitenciária de Tremembé não validou nem negou a autenticidade. A Justiça não analisou os itens, e a produtora da série não comentou. A prova material ainda é contestada.

A série 'Tremembé' é baseada em fatos reais?

Sim, mas com licença artística. A série é adaptada do livro de Ulisses Campbell, que documentou anos de investigações na Penitenciária de Tremembé. Personagens e eventos têm base real, mas diálogos, cenas íntimas e conexões emocionais são dramatizados. O problema surge quando o público confunde o que é documentado com o que é criado para efeito dramático.

Cristian Cravinhos já teve relacionamentos na prisão?

Nenhum registro oficial confirma ou nega. A Justiça brasileira não monitora relações afetivas de presos, e as autoridades da Penitenciária de Tremembé não divulgam esse tipo de informação. O que se sabe é que, em 2017, Cravinhos estava no regime semiaberto, com liberdade de movimento e contato com pessoas externas — o que aumenta a possibilidade de relações fora do cárcere.

Por que essa cena gerou tantas visualizações?

Porque mistura três elementos poderosos: crime, sexualidade e celebração da figura do criminoso como ícone. Cravinhos já era conhecido por seu envolvimento no caso Richthofen, mas a cena da calcinha o transformou em meme, símbolo de rebeldia e objeto de curiosidade. O algoritmo das redes sociais amplificou isso, e o próprio Cravinhos, ao reagir, alimentou ainda mais o ciclo.

Há risco de a série ser censurada ou retirada da plataforma?

Não há base legal para isso. A série é uma obra de ficção baseada em fatos reais, e o direito à liberdade de expressão protege produções artísticas, mesmo quando controversas. A menos que haja comprovação de calúnia ou difamação específica, a Prime Video não é obrigada a retirar o conteúdo. Ações judiciais, se existirem, serão por danos morais, não por censura.

O que isso significa para o jornalismo e o entretenimento no Brasil?

Revela uma fronteira cada vez mais tênue. Jornalistas como Campbell usam a narrativa audiovisual para dar visibilidade a histórias esquecidas, mas quando a ficção se torna mais popular que a realidade, o risco é distorcer a memória coletiva. O público precisa aprender a distinguir entre documentário, reportagem e drama. Senão, o que aprendemos não é sobre justiça — é sobre entretenimento.

20 Comentários

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    Willian de Andrade

    novembro 6, 2025 AT 16:55
    essa calcinha virou meme mesmo, mano. n sei se é verdade, mas tá rolando como se fosse o novo símbolo da internet.
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    Thiago Silva

    novembro 7, 2025 AT 06:13
    eu acho que o problema não é a calcinha, é a gente se esquecer que por trás disso tem gente real, com história, dor, erros... e agora virou show.
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    Bruna Oliveira

    novembro 8, 2025 AT 11:35
    Essa série é um manifesto pós-moderno sobre a morte da ética jornalística e a ressurreição do culto à figura do criminoso como ícone de resistência. A calcinha? Apenas o símbolo perfeito da desumanização da justiça.
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    Rayane Martins

    novembro 9, 2025 AT 18:10
    Se a produção não prova nada, não pode usar isso como 'documentário'. É engano, não arte.
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    Francini Rodríguez Hernández

    novembro 11, 2025 AT 08:42
    tipo, se a calcinha é falsa, a série é mentira. se é verdade, aí é pior, pq mostra que a prisão é um lixo. qqr jeito, perdeu.
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    Flávia Martins

    novembro 11, 2025 AT 19:10
    sera q a calcinha ta mesmo la? ou e so mais um monte de foto editada pra gerar cliques?
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    Caio Nascimento

    novembro 13, 2025 AT 16:58
    A falta de transparência da produtora... é inaceitável. A responsabilidade ética é fundamental. E aí, onde está o direito à imagem e à privacidade?
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    Eduardo Mallmann

    novembro 14, 2025 AT 14:34
    O jornalismo, em sua essência, exige verificação, não especulação. A apresentação de objetos sem confirmação forense, mesmo que sob a alegação de 'fontes anônimas', representa uma violação dos princípios fundamentais da profissão. A série, por mais impactante que seja, não pode se sustentar sobre a fragilidade da evidência.
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    David Costa

    novembro 15, 2025 AT 11:02
    Essa história é um espelho da nossa cultura. O Brasil sempre teve um fascínio morbido por criminosos famosos. De Lula ao Cravinhos, passando por Chico Picadinho. A mídia transforma o horror em entretenimento, e o público consome como se fosse novela. Mas quando você olha pra trás, percebe que ninguém se importa com justiça, só com drama. A calcinha? É só o último detalhe de uma tragédia que virou reality show.
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    Willian Paixão

    novembro 17, 2025 AT 10:09
    sei que é polêmico, mas acho que a gente tem que parar de julgar só pelo que a gente vê na tela. talvez a cena seja inventada, mas a realidade da prisão é muito pior do que qualquer cena de série. a gente precisa entender isso antes de virar piada.
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    Rafael Pereira

    novembro 18, 2025 AT 21:41
    se a calcinha for real, o que isso muda? se for falso, o que isso muda? o que importa é que a gente tá discutindo prisão, direitos, redenção... e isso já é um avanço.
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    Sandra Blanco

    novembro 20, 2025 AT 15:42
    Isso é vergonhoso. Pessoas morreram por causa desse homem, e agora ele tá sendo celebrado por uma calcinha?
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    Naira Guerra

    novembro 21, 2025 AT 05:23
    Acho que ninguém tá pensando no que realmente importa: as vítimas. Elas não têm voz. Só o criminoso virou influencer.
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    José Vitor Juninho

    novembro 21, 2025 AT 13:05
    Eu não acredito que a calcinha seja autêntica... mas mesmo que seja, o que isso prova? Que ele usou? Que teve um relacionamento? Isso não muda o fato de que ele matou duas pessoas. A série não deveria estar focando nisso. A gente tá perdendo o foco da justiça.
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    Manuel Silva

    novembro 22, 2025 AT 10:37
    mano, se a calcinha é de verdade, o jornalista fez o trabalho dele. se for fake, aí é outro problema. mas o que importa é q a gente tá falando da prisão, e isso é bom, mesmo q seja por um motivo bizarro.
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    Maria Luiza Luiza

    novembro 24, 2025 AT 02:50
    ah sim, claro, a calcinha é prova. e o que, o cara tá usando ela pra fazer yoga na cela? que brilhante, a humanidade tá salva por um item de roupa íntima.
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    Gustavo Junior

    novembro 24, 2025 AT 18:53
    Isso é um caso de manipulação midiática clássica. A calcinha é um artefato simbólico, criado para desviar a atenção da verdadeira questão: o assassinato. E o público, como sempre, cai como patos. A série não é arte. É um golpe.
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    Timothy Gill

    novembro 25, 2025 AT 08:13
    A verdade é que a calcinha não importa. O que importa é que a narrativa foi construída para desafiar a moralidade coletiva. A prisão é um laboratório de desumanização e a série apenas expôs isso. A ficção não mente. Ela revela. A calcinha é apenas o reflexo do que já existia na sombra. O que vocês estão rejeitando não é a cena. É o espelho.
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    gustavo oliveira

    novembro 25, 2025 AT 12:32
    aqui no nordeste todo mundo tá falando disso. a calcinha virou até tatuagem. eu não acredito em nada do que a gente vê na internet, mas o fato é que isso tá mexendo com a cabeça da galera. e isso é perigoso.
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    Sayure D. Santos

    novembro 26, 2025 AT 09:55
    A construção narrativa da série opera como um dispositivo de hiperrealidade, onde a representação simbólica da subjetividade carcerária se sobrepõe à veracidade empírica. A calcinha, enquanto objeto transcultural, torna-se um signo da ambiguidade moral contemporânea.

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